Redação

Como médicos negacionistas lucram com a desinformação

O negacionismo não acabou com a pandemia — só mudou de rosto. Médicos que ganharam notoriedade promovendo tratamentos sem eficácia contra a Covid-19 agora miram novos nichos lucrativos, como falsas curas para o câncer, “otimização” hormonal e medicina “quântica”. Nesta publicação, revelamos como esses profissionais transformaram desinformação em negócio e por que isso representa um risco crescente à saúde pública.

Como o algoritmo do TikTok alimenta a misoginia entre adolescentes

A capacidade de uma mulher fiel é reduzida a cada homem que toca nela. Esse é um dos vídeos que um adolescente brasileiro pode encontrar ao navegar pelo TikTok hoje. E não se trata de um caso isolado.

Conteúdos misóginos, desinformação política e discursos de ódio são amplamente entregues pelo algoritmo da plataforma. Foi com essa preocupação que a revista AzMina realizou um levantamento para entender como o algoritmo do TikTok expõe adolescentes a conteúdos misóginos. Apesar de declarar políticas de proteção, a plataforma falhou em impedir o acesso a conteúdos nocivos por parte de jovens.

Se você assistiu à minissérie Adolescência, da Netflix, viu como o acesso frequente a discursos de ódio influenciou diretamente um jovem a cometer um assassinato. Hoje, o TikTok é uma das redes sociais mais populares entre adolescentes e jovens, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024.

É comum encontrar discursos como “a verdade que ninguém conta” e “o papel do homem” aparecendo na aba “For You” da plataforma. O Núcleo Jornalismo, em parceria com a revista AzMina, realizou um monitoramento por dois meses para verificar os conteúdos entregues a adolescentes de 14 e 15 anos. Inicialmente, os vídeos exibidos tratavam de temas como tecnologia e gastronomia. No entanto, à medida que os adolescentes interagiam com conteúdos motivacionais e religiosos, o algoritmo passou a recomendar vídeos com desinformação política e discursos misóginos.

O monitoramento revelou falhas graves nas políticas de segurança do TikTok. Ainda que não haja evidências diretas de que o algoritmo priorize conteúdos misóginos, o simples fato de recomendá-los configura uma violação das diretrizes da própria plataforma — especialmente no que se refere à proteção de crianças e adolescentes.

O X está ajudando a financiar perfis que espalham fake news?

O X, antigo Twitter, está ajudando a financiar perfis que espalham fake news? A plataforma tem permitido a monetização de perfis com conteúdos que promovem desinformação.

A alegação vem da Polícia Federal, que revelou falhas do X em bloquear perfis como o de Allan dos Santos, bolsonarista que teve sua conta suspensa por ordem de Alexandre de Moraes.

E, para quem não lembra ou nunca ouviu falar de Allan dos Santos, fique neste vídeo que a gente explica! Ele é um blogueiro bolsonarista que já foi alvo de dois inquéritos no STF: um sobre a disseminação de fake news e outro sobre apoio a atos antidemocráticos.

Allan atualmente está foragido nos Estados Unidos, já teve duas prisões decretadas e foi proibido de usar e criar novas redes sociais por determinação de Alexandre de Moraes. Ele é alvo de operações que investigam seu envolvimento no inquérito das fake news e o financiamento de atos antidemocráticos.

Mas como o X está envolvido nisso tudo? A Polícia Federal investiga quem criou a conta secundária de Allan no X e no Instagram, usada para divulgar fake news contra a jornalista Juliana Dal Piva. Teria sido publicado um diálogo em que a jornalista confessaria um suposto plano de Moraes para prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Juliana, o bolsonarista segue difamando-a mesmo depois da ação no Supremo.

Então, Moraes exigiu que tanto o X quanto a Meta fornecessem os dados da conta de Allan para as investigações da PF, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

Além disso, a PF constatou que o X falhou em bloquear perfis conforme as ordens judiciais. A plataforma permite transmissões ao vivo de perfis suspensos e ainda facilita a divulgação de links que financiam comunicadores bolsonaristas, como Allan dos Santos.

Segundo o relatório da PF, mesmo com a conta bloqueada, os usuários podiam acessar botões de “doação” em bitcoin diretamente nos perfis suspensos, inclusive aqui do Brasil. Ou seja, mesmo com o bloqueio judicial, o X continua a permitir que usuários financiem perfis ligados à desinformação.

O X ainda se pronunciou, dizendo que houveram “falhas técnicas” que permitiram a divulgação de lives ainda no ano passado.

Moraes tem cobrado a perícia da PF sobre as explicações do X desde setembro do ano passado.

Foi somente em março deste ano que a plataforma enviou o relatório ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que deve se pronunciar sobre o que foi identificado pela PF.

Isso levanta uma pergunta crucial: até que ponto estamos permitindo que essas plataformas burlem as leis e continuem a ajudar financeiramente perfis que espalham desinformação no Brasil?

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